Participei de muitos eventos ESG aqui no Brasil, e confesso que não estou muito acostumado com tanta transparência assim. Nos eventos brasileiros, a impressão que fica é que todo mundo está “vendendo” as empresas como salvadoras do planeta. É como se todos estivessem fazendo tudo certo, neutralizando suas emissões e saindo “bonitas na foto”, mas sem falar profundamente sobre os desafios. No ESG Summit Europe 2024 em Madrid, porém, senti algo diferente.
Os palestrantes, mesmo representando suas empresas, praticamente não mencionaram o nome delas. Falaram de forma técnica e pragmática, trazendo para a pauta os desafios que vão além do que já é obrigatório ou regulatório, ou seja, além do que deveria ser feito como obrigações. Um ponto muito discutido foi o Escopo 3, com um olhar abrangente sobre a cadeia de valor, pois os desafios ESG estão concentrados, em grande parte, ali. Aqui no Brasil, a gente se sente tímido em forçar essa curva para onde realmente estão os maiores desafios. Lá, pelo contrário, eles trouxeram a ideia de que, para ser sustentável, é preciso incluir toda a cadeia de valor.
Algo que me impactou foi a expressão “ação ou consequência”, ou seja, “ou você envelhece, ou arca com as consequências”. Aqui, não temos o hábito de tratar isso de forma tão direta; existe um certo bloqueio cultural, como se falar sobre isso pudesse ser mal interpretado. No evento, ficou claro que a transição para um modelo mais sustentável não é mais uma opção, é uma necessidade.
Quando escutamos, num Summit desse padrão, que o Core é sobre recursos naturais, isso traz um impacto profundo. Sempre defendo a ideia de que não existe processo nem produto que não seja dependente de recursos naturais – é simples: a economia não existe sem recursos naturais. Lá, isso foi abordado de forma muito pragmática, com ênfase na interdependência essencial entre economia e meio ambiente. A discussão incluiu a necessidade de um olhar regenerativo, como exemplificado pela economia circular, e os dados mostram que ainda estamos longe de avançar o suficiente.
Eventos assim, que nos confrontamos com a realidade, me enchem de ideias e reflexões, mas, acima de tudo, me provocam a compensar nossos padrões. É claro: não se trata apenas da Europa, mas de um pensamento global. Falamos muito sobre commodities, e vejo que o Brasil, certamente, entrará nesse cenário de cabeça.
Onara Lima atua há 21 anos em Gestão Ambiental e Sustentabilidade, durante esse período, trabalhou em empresas como Gerdau, Suzano, Grupo Ambipar e CCR. Empreendedora/Founder da marca ESG Advisory OnaraLima. Conselheira no Capitalismo Consciente Brasil. Membro do CBPS – Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade, Comissão ESG da ABRASCA, Membro do Comitê de Sustentabilidade da Verda.Global.
Em suas palestras, Onara explora uma variedade de tópicos, desde a integração de práticas ESG até a construção de estratégias sustentáveis de longo prazo. Cada palestra é uma jornada educativa que visa não apenas informar, mas também inspirar mudanças positivas.
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