Fonte: https://epocanegocios.globo.com/Um-So-Planeta/Publicidade/Ambipar/noticia/2021/03/papel-do-esg-nos-conselhos-precisa-avancar.html
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Os temas ambiental, social e governança, que formam a sigla ESG (da expressão, em inglês, environmental, social e governance), nunca tiveram tanta abertura nas empresas como agora. Em parte, graças às preocupações que se acentuaram durante a pandemia em relação a pautas como a sustentabilidade e o risco de surgimento de novos vírus.
Apesar da adesão crescente a esse conceito e a pressão por parte de consumidores e investidores, ainda há muito o que avançar para que o potencial desse tripé seja integralmente colocado em prática. Uma das portas de entrada do conceito ESG é o conselho de administração das companhias, onde de fato as decisões estratégicas são tomadas. No entanto, ainda é raro ver o ESG como parte das discussões nesse nível dentro de uma empresa.
No início do ano, a consultoria internacional PwC publicou uma pesquisa sobre o tema. Os resultados explicitam a distância que existe entre os conselhos de administração, que responderam ao questionário, e o conceito ESG. Segundo o resultado, 46% dos conselheiros não reconhecem que as mudanças ambientais podem causar impactos na estratégia futura dos negócios. Ainda segundo 58% dos pesquisados, a desigualdade de renda não deve afetar o planejamento empresarial.
Sustentabilidade como estratégia
“Hoje não tem como falar de ESG se não for com profundidade e nos diferentes níveis das corporações. As empresas que não aderirem na prática ao conceito, podem estar expostas a riscos relacionados a imagem e, consequentemente, impactar fortemente na empresa e seu valor. Cada letra do ESG precisa ser mapeada e atualizada o tempo todo e, com a participação do conselho, esse compromisso ganha outra materialidade e real importância”, explica Onara Lima, diretora de sustentabilidade da Ambipar. A multinacional é líder em gestão ambiental e tem um trabalho de apoio a companhias para que atendam aos índices de sustentabilidade.
A executiva, de 38 anos, assumiu em fevereiro de 2020 um dos assentos do Conselho de Administração da Ambipar e conta como tem sido a nova rotina como representante da área de sustentabilidade. Logo nos primeiros encontros, Onara percebeu a avidez dos colegas por informações sobre o conceito ESG. A diretora, por sua vez, se prepara muito a cada reunião. “É gratificante encontrar o reconhecimento da importância dessa agenda e, junto disso, fazer parte de um movimento de valorização da diversidade”.
Ao tomar a decisão de dedicar uma das cadeiras do conselho à diretoria de sustentabilidade, segundo Onara, a Ambipar referendou a importância que dá ao tema. “A companhia avaliou que levar o tema para dentro do conselho faz total sentido pela estratégia da empresa e pela própria natureza do negócio, trazendo a agilidade necessária. Quando as discussões vêm da mais importante esfera de uma empresa, que é o conselho, significa que foi dado um importante passo em direção a uma visão muito mais estratégica”, detalha.
Mas não é apenas no ambiente interno da companhia que Onara sente a diferença depois da inclusão da diretoria de sustentabilidade no conselho da Ambipar. A relação com acionistas e gestores de fundos também mudou. “Quando conversamos com os investidores, principalmente os estrangeiros, a demanda é grande por informações sobre as nossas estratégias para o futuro para que o negócio seja de fato sustentável, tanto em termos socioambientais quanto do ponto de vista de uma governança que apresente visão de longo prazo”, diz a diretora.
Em um evento realizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no final do ano, o presidente Marcelo Barbosa foi taxativo: “Precisamos ter em mente que essa é uma agenda que, nem de longe, mostra ser uma tendência ou modismo. É uma agenda que permeia todos os mercados em diferentes estágios de desenvolvimento e reflete valores contemporâneos que ganharam muita força. Os investidores, sejam os mais sofisticados ou os de varejo, exigem transparência com relação a essas informações e tomam suas decisões de investimento de alocação de recursos com base nas respostas que os emissores dão a esses fatores.”
A diretora da Ambipar reforça o coro. Para Onara, os conselhos precisam entender a sua relevância quando se fala de ESG. “Espero que cada vez mais eles sejam receptivos e o tema tenha mais representatividade.”